quinta-feira, 24 de julho de 2014

Estudar

13- Como estudar as histórias Querido diário, Dizem que não somos nós que escolhemos as histórias, mas as histórias que nos escolhem... Os teóricos são unânimes em afirmar que o contador deve apreciar a narrativa que vai contar, pesquisando os contos que mais o agradem, segundo critérios diversos. Estudar a história é fundamental. Precisamos interpretar bem o conto, avaliando as motivações das ações de personagens, as mudanças de cenário e passagens de tempo, o conjunto de valores implícitos e explícitos que integram a moral da história, as estruturas sintáticas e semânticas que compõem o texto. Li uma obra que trata da paisagem do conto. A autora sugere que imaginemos os sons que a história evoca, bem como os cheiros, as cores, os sabores. Podemos criar adjetivos que caracterizem as personagens da história, ilustrar algumas cenas, compor um gráfico que represente a trajetória de uma personagem, imaginar detalhes que não constam da narrativa. Quando estudamos a história, ficamos mais habilitados a passar a sua verdade aos nossos ouvintes, nós nos envolvemos com ela, tomamos parte nos acontecimentos. Recordo-me de quando estudei a história do casamento da dona Baratinha e me surpreendi ao perceber conteúdos profundos envolvendo as relações humanas, como encontros, desencontros, abandono, rejeição. De início, eu achava a história muito infantilizada, mas após aplicar as estratégias da paisagem do conto eu fiquei apaixonada pela história. Por isso, muitos afirmam que esse rótulo de literatura infantil é conversa pra boi dormir... Já presenciei um caso de um contador de histórias que não compreendeu o final da história que estava contando e passou um desfecho confuso para a criançada. Um menino percebeu e fez um gesto de descrédito para o contador, seguido de um comentário de insatisfação. Elas sentem nossa falta de preparo... Certa vez, tive a ideia de incluir a audiência na história, afirmando que eles eram os pintinhos loiros da narrativa da Galinha Ruiva, mas eu não contava com a reação imediata das crianças, que eram, em sua maioria, pardas e negras. Elas não se identificaram com o papel que eu lhes atribuí. Então, propus que elas fossem os pintinhos coloridos. Aí, elas toparam, felizes! Portanto, devemos estudar o texto e o contexto!

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