quinta-feira, 24 de julho de 2014

Repertório

23- A escolha do repertório Querido diário, Como contadores de histórias, vivenciamos constantemente o desafio de escolher nosso repertório. Entretanto, quais seriam os critérios que usamos para escolher as histórias que vamos contar? Escolhemos apenas em função de nosso gosto, de nosso interesse pela história? Escolhemos em função de datas comemorativas? Escolhemos em função da qualidade literária da história? Escolhemos em função de temas que interessem a turma ou em razão de faixas etárias? Escolhemos em função da diversidade de nosso repertório (contos tradicionais, fábulas, intertextos...)? Escolhemos em função da indicação de colegas ou professores? Escolhemos por escolher? Acredito que devamos refletir sobre esses critérios, pois precisamos transmitir um envolvimento com a história, um encantamento que vai perpassar toda a narrativa. Já contei uma história de que não gostei, por indicação do professor da turma. Encarei como um desafio, mas não apreciei muito a minha atuação. Como poderia? Já contei uma história que não me encantou, por conta de uma homenagem a uma escritora, numa feira literária. As crianças gostaram tanto, foi tão bom, que eu acabei me apaixonando pela história e a contei várias vezes em outras ocasiões. Já contei, em dupla, uma história minha. Apareceu uma comicidade que não existia na trama original. As crianças riram muito e se divertiram bastante. Adorei a experiência. Já contei histórias que as crianças pediram e vibrei quando elas contaram partes da história junto comigo. Já deixei de contar histórias, por não me identificar com elas. Além disso, há tipos de histórias de que não gosto, embora reconheça o seu valor. Um dia desses, li um artigo que nos adverte para nunca menosprezarmos histórias, nem as ridicularizarmos ou, pior, as erotizarmos, de algum modo. Como contadores, devemos nutrir um profundo respeito pelas histórias e por seus autores. De fato, a contação de histórias pressupõe o casamento harmonioso com os autores, que nos presenteiam com seus dons de tecer o fio das tramas. Fiar: palavra de autor! Con-fiar: palavra de contador!

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