quinta-feira, 24 de julho de 2014

Saber ouvir

10- Saber ouvir Querido diário, A contação de histórias nos permite uma reflexão acerca do saber ouvir... Noto que há uma dificuldade de as pessoas exercitarem o papel de ouvintes, pois há uma necessidade muito grande de falar, falar e falar... Estamos ouvindo nosso interlocutor ou apenas aguardando a nossa vez de falar? Ouvimos até o final ou interrompemos a pessoa? Ou, ainda, nem ouvimos tudo e logo concluímos algo? Ouvimos apenas o que queremos ouvir? Há um pensamento popular que enfatiza o fato de termos dois ouvidos e uma só boca, portanto deveríamos ouvir duas vezes mais do que falamos... Como contadores de histórias, precisamos ser bons ouvintes, até para dar o exemplo. Quando o outro estiver falando, precisamos esvaziar a cabeça das preocupações e não nos ligarmos excessivamente naquilo que vamos falar, devemos apenas ouvir. Podemos parafrasear as informações. Podemos perguntar algo, sintetizar uma ideia. Deste modo, estaremos mantendo um vínculo com nosso interlocutor, ajudando-o no desenvolvimento do seu raciocínio. Com as crianças, costumo combinar o silêncio durante a contação de histórias, comentando sobre o valor da escuta. Certa vez, uma turminha do jardim até cantou uma musiquinha que dizia, mais ou menos assim: “zip, zap minha boca vou fechar”. Li que saber ouvir é uma característica das pessoas criativas. E ouvir requer humildade. Fazer-se ouvir é uma necessidade para que a contação de histórias transcorra de uma maneira produtiva. Por isso, precisamos trabalhar a nossa presença, a nossa postura. Levar as crianças a considerarem importante o momento da história, incutindo valores como educação e respeito. Já vi contadores falando mais alto, mais rápido. Logo se instaura um clima de competição sonora e todos saem perdendo. As crianças precisam saber que, ouvindo, poderão descobrir coisas incríveis sobre tudo, mas principalmente sobre si mesmas!

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